quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Não seja um chato.

Você certamente conhece alguém que só curte aquilo que é underground, alternativo, ou ao menos tudo aquilo que não seja mainstream. Ou talvez você mesmo seja assim. Sem problema algum. Eu sei que eu já fui assim, e eu era do tipo mais radical.


Eu sou um amante da arte. De músicas e filmes, principalmente. E já tive minha época xiita, de odiar tudo que tocava na rádio, de odiar tudo que os outros gostavam. Devo afirmar que incomodei muita gente, e perdi muitas chances de amizade, sendo desse jeito. Mas era naquilo que eu acreditava. Eu tinha o gosto certo, e eles, o errado. Mas os anos passaram, eu fiquei um pouco mais velho, mais maduro, e não consegui dar prosseguimento à minha fase rebelde.

Graças ao bom Pai.

Hoje, percebo que perdi muita coisa. Muitas coisas para as quais eu fechava os olhos, e que hoje ao dar uma chance, me apaixono instantaneamente. E as abraço sem nem pensar duas vezes. Vejo que se tivesse sido menos seletivo, menos calculista, menos xiita, menos revoltado, ou seja, um cara MENOS CHATO do que eu era durante a infância e adolescência, provavelmente teria me divertido muito mais. Mas tudo que fiz ou deixei de fazer, fizeram com que eu me tornasse o que sou hoje, e hoje sou muito feliz. Então nem me arrependo, tá tudo certo assim.

Mas o ponto que quero chegar, é que ser seletivo em relação à arte, é algo muito chato. E muito desinteressante para todos à sua volta. Assista tudo que puder, e ouça sem preconceito. Se você não gostar, então não gostou. Mas experimente! As suas bandas e filmes desconhecidos de agora, se tornarão conhecidos depois, e aí? Vai parar de gostar deles?
Você acha que bandas que você tanto critica como Linkin Park ou Red Hot Chili Peppers, já começaram no mainstream? Dominando as paradas? As duas eram tão desconhecidas e underground como suas bandas favoritas são hoje. Mas elas alcançaram seu sucesso por esforço, saindo em extensas e intermináveis turnês. E elas tocam e agradam milhões ao redor do mundo. Por sinal, elas são, de certa maneira, muito mais admiráveis do que suas bandinhas que só você conhece. Afinal qual pressão é maior? Tocar num lugar para 100 pessoas, ou tocar numa arena para 60.000 pessoas? Acha que é fácil fazer com que todas elas cantem em únissono suas músicas?

O mesmo vale para filmes. Respeito demais o trabalho de caras como Almodovar, que faz (bons) filmes, dificeis de assistir, e mesmo assim, mantém seu público fiel. Mas admiro ainda mais caras como Christopher Nolan, que tem a capacidade de fazer um filme complexo, inovador, inteligente como "A Origem" e ainda assim ser um campeão de bilheteria, arrastando multidões para o cinema, e superando marcas como Shrek e Crepúsculo.

Então, tenha seu gosto peculiar. Ele é SEU gosto, e você tem o direito de gostar do que quiser. Mas não seja um chato. Não se ache superior à aquilo que você critica. O mainstream tem sua dose de porcarias. Mas tem sua dose de genialidade e coragem também. Afinal, eles que estão sob a luz dos holofotes, no palco principal, não chegaram lá a toa.


2 comentários:

Belchi Machado disse...

Deixei meu "Podes crer" com gosto, manolo! É isso mesmo, cada um na sua, com o gosto que bem entender. Só não vale ser chato!

Nanda Paes disse...

Esse foi polêmico, não seja mais um chato, você luta pela sinceridade de seus gostos e opiniões e isso - ás vezes - te bloqueia a receber a opinião e os gostos de outras pessoas, industrializaram nossos gostos, industrializaram a nação, venderam nossos sonhos, destruíram a emoção. É isso aí, conviver saudavelmente, de forma livre e democrática com as opiniões alheias e dividir o que cerca o nosso "eu" é um desafio a ser superado a cada dia.

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