sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Aquele momento em que você percebe...


Confesso que estava preparando uma postagem reclamando acintosamente sobre o precário meio musical em que vivemos. Não que isso não seja verdade. Ele é precário, e eu ainda reclamo dele de tempos em tempos. Mas talvez a culpa não seja toda do meio musical atual.

Lembro muito bem, de quando tinha 15 anos de idade. Foi o período em que mais conheci e me apaixonei por bandas. Período em que passava horas e horas nas lojas de CD, olhando aqueles álbuns. Eles eram como ouro. Um deles era o do Rock in Rio, do Iron Maiden. Cheguei até mesmo ao ponto de quase fazer um acordo com um grande amigo meu. Por se tratar de um album duplo, dividiamos o valor, e cada um ficava com um CD. Depois de um mês, trocávamos. E assim ia.
Eu possuia um Diskman, ou CD player, ou sei lá como se chamava. Colocávamos o cd, colocávamos o fone, e ouvíamos por horas e horas. Memorizei cada segundo de alguns álbuns, como o "Antichrist Superstar" do Marilyn Manson, ou o "The Downward Spiral", do Nine Inch Nails. E quem foi que não se empolgou quando saiu o "Mesmerize" do System of a Down? Aquele lá eu quase desintegro o CD, de tanto ouvir. Sem mencionar no álbum homônimo do Slipknot, uma raridade que eu possuia com todo orgulho, que escutei uma quantidade obscena de vezes, até ser roubado. Sim, me roubaram, tamanha era o valor desse álbum. Uma das maiores tristezas da minha vida, na época. Mas o meu amor por aquelas músicas permaneceu intacto. Inclusive, 7 anos depois, aqui estou eu e sei cada uma daquelas letras, como se nem tivesse parado de ouvir.









Na época eu não sabia, mas agora eu percebo. As coisas realmente aconteceram ali. Vi o Red Hot Chili Peppers no auge da sua carreira, quando eram monstros no mundo inteiro. Vi o lançamento do cd "Meteora" do Linkin Park, e o quanto a base de fãs se expandiu. Comecei a escutar Angra no momento em que Edu Falaschi se encontrava em sua melhor forma (que foi ao lançar o "Temple of Shadows"). Vi System of a Down e Slipknot se tornarem bandas da MTV, com fãs surgindo aos montes (na época eu senti ciúmes, aquelas eram minhas bandas, haha!). Vi o Nine Inch Nails, uma das bandas que mais me marcou, simplesmente vir ao Brasil. Coisa que jamais se repetiu. Vi o Coldplay, também no seu auge, lançando aquele que é considerado um clássico, o A Rush of Blood to the Head. Vi o auge do Blink 182 (na época, eu os odiava, mas hoje eles representam nostalgia, de uma época bastante divertida e sem preocupações). Sem mencionar as bandas brasileiras. Vi O Rappa lançar o meu, até hoje, álbum favorito, O Silêncio que Precede o Esporro. Fui a diversos shows. Fui a show do Barão Vermelho. Fui a show do Skank (na época do lançamento do Radiola). Fui a show do CPM 22 em seu auge, com "Um Minuto Para o Fim do Mundo" e "Irreversível" explodindo nas rádios. E para o roqueiro que eu era na época, foi um dos shows mais divertidos que já fui. Fui ao show Acústico do Rappa, aqui em Belém, na Assembléia Paraense. Fui a show do Marcelo D2 e Dead Fish, os dois tocando um após o outro.






Me perdoem o longo texto, mas a questão é... eu tanto reclamava das coisas não aconteceram como aconteciam antigamente, que deixei de perceber que elas de fato aconteceram. E eu, facilmente impressionável, vivi tudo aquilo com muita paixão. Com muita empolgação, e muito ânimo. Mas vendo agora.... percebo que aquelas eram bandas que já existiam anteriormente, mas que faziam sucesso naquele momento. A minha reclamação em relação aos tempos atuais, era de que não haviam mais bandas boas surgindo, como era antigamente. De fato, eu vi bandas surgirem, mas por um motivo ou por outro, não me tornei fã de nenhuma delas. Todas as que me apaixonei, já existiam. Assim como ainda ocorre hoje, quando descubro novas bandas, todas já antigas.

Quem mudou na verdade, fui eu. Os anos passaram. As coisas mudaram. A vida seguiu reto, sem parar. E simplesmente percebo que não tem como eu ter a mesma paixão em buscar coisas novas. Não tem como me impressionar e me apaixonar com a mesma intensidade como antes. Por inúmeros motivos. Problemas na vida, dificuldades, pressão da sociedade para você seguir seu caminho. Você simplesmente começa a pensar em outras coisas. Não é a toa que eu não me impressione com o meio musical de hoje. Mas também não o odeio com todas as forças, como eu odiava quando tinha 15 anos. Eu estou, digamos, tranquilo.

E é por esse motivo, pelos adolescentes que eram adolescentes junto comigo, terem crescido, terem mudado, terem tido broncas, problemas na vida, que o próprio meio musical teve que se adaptar. Não adiantava ficar metendo Red Hot, Linkin Park, Coldplay em nossos ouvidos, porque em algum momento, nós paramos um pouquinho de nos importar com isso. E essas bandas foram perdendo sua relevância. Foi preciso a mudança. E antes que me encham de porrada... não, não acredito que tenha sido uma mudança boa. Mas isso é pra outra hora...

Não irei reclamar tão acintosamente do meio musical atual, porque eu não me importo com ele. Ele enche o saco, mas não é aquela coisa que faz diferença, sabe? Me incomoda é ver tantas bandas favoritas minhas perderem a relevância. Bandas como Sepultura, uma vez estavam entre os maiores do MUNDO, e agora as pessoas simplesmente não se importam com eles. Mas fazer o que? O mundo muda...

E uma coisa pra te deixar pensativo. Você, apaixonado por música! Lembra quando você reclamava que suas bandas mudavam o estilo? Odiava o termo "se reinventar"? Pois bem... a grande maioria delas, que ainda tem alguma relevância hoje em dia... é exatamente a maioria que se resolveu se reinventar. Bandas como Manson, Korn, Sepultura, (favoritas minhas, todas elas) pararam de se reinventar. Ou fizeram péssimas escolhas, como o Korn que resolveu fazer um álbum com artistas do Dubstep. Ninguém se importa muito com eles. É uma pena. São todos eles, grandes influência hoje em dia. Mas hoje em dia, povo as vezes não tá nem aí nem para pai e mãe... quanto mais para o artista que o influenciou.

Obrigado pela paciência! E se você não aguentou ler tudo! Obrigado por ter tentado! Haha!


Um comentário:

Nanda Paes disse...

Égua mano, curti seu paralelo musical, curti sua análise sobre diversas bandas e o contexto encarnado a cada uma delas. Confesso não ser fã de algumas que você citou como Korn, confesso ler louca por Angra, Iron, RHCP, confesso não ser apaixonada por Sepultura mas sei reconhecer a importância musical mundial que a banda representa, enfim. O caso é que o drama que o senhor viveu, eu também vivi. É engraçado que reclamamos e criticamos e não nos damos conta na hora que tanta coisa boa também acontece, há muito tempo se diz que a música está perdida, então ela sempre esteve? quando eu tinha 12, 15 anos já se dizia isso, haha, claro que a música hoje - principalmente - está de causar lágrimas de sangue, mas o fato é que é coisa da idade também, a adolescência nos submete a uma dose emocional exagerada, rs. Que bom lembrar que vivi muito do que você citou em seu texto, quase chorei, estou ficando velha, rs li até o final, - ao contrário da maioria - quis ler e ler pra saber o que mais o senhor iria dizer! Parabéns!

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